O público (normalmente) despreza-a, a comunicação social (praticamente) ignora-a. Compreende-se: uma prova de 24 horas é difícil de seguir, de entender e de provocar entusiasmos. E no entanto…
Na resistência não ganha o indivíduo mais rápido. Logo porque cada moto é conduzida por três. Mas ganha a melhor equipa (os que conduzem e todos os outros), os que melhor se preparam e os mais inteligentes na definição da táctica.
Suscitando pouco interesse nas marcas que disputam os primeiros lugares dos grandes palcos, não percebo porque não se interessam pela disciplina as marcas que não podem envolver-se em SBK ou MotoGP (na maior parte dos casos porque desenvolver uma moto para ganhar em MotoGP ou SBK é extremamente caro). Marcas como a Moto Guzzi, a Triumph, a KTM, entre outras, teriam muito a ganhar com o sucesso nas corridas de longa distância.
É também a disciplina onde os privados ainda ganham. A única a nível de campeonato do mundo onde uma formação portuguesa se impôs (que bom foi o Team Suzuki-Shell).
…E depois há a magia dos ambientes, da superação face aos azares, às intempéries, à noite, na constante corrida contra o cronómetro.
Segui, na minha carreira profissional, muitas corridas de Resistência; de automóveis primeiro, depois de motos em palcos fantásticos como Le Mans, Spa-Francorchamps, Monza, Paul Ricard… e tantos outros. Nunca dei por mal empregue esse tempo, nem por sacrifício essa missão. Estive muitas vezes, encostado a um rail a tirar fotos em mais um pôr-do-sol, a petiscar com os mecânicos nas traseiras de uma box ou a dormitar debruçado sobre a mesa na sala de imprensa.
Como eu gosto daquilo.
As fotos são de Stan Perec e dizem respeito às 24 Horas de Le Mans deste ano, disputadas há uma semana, que acabaram com a vitória da Yamaha-Austria (Steve Martin, Igor Jerman e Gwen Giabbani, nº7), com mais de 90 mil espectadores a assistir... Não está mal.
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