16 de abril de 2009

O Estado a que isto chegou

Carlos Abreu Amorim é professor universitário e colaborador no CM. Com devida vénia ao autor e ao periódico, transcrevo a sua coluna de hoje, que tem por título "Não foi o liberalismo".

"O chavão mais recorrente desde que a crise nos usurpou o quotidiano consiste em culpar o liberalismo de todos os males. As incriminações partem dos que preferem a intervenção estatal como motor da sociedade em prejuízo da liberdade económica (e da política, consequentemente). Elegem a acção do Estado como fazedor universal de felicidade, sobretudo dos mais desfavorecidos, e vigiam o êxito dos indivíduos e das empresas como perigos latentes. Para tal, os impostos aumentaram para pagar uma máquina estatal que incha sem parar e que já absorve mais de 50% da riqueza.
Mas, após 40 anos de dilatação do Estado dito Social, ainda há mais de dois milhões de pobres: o modelo falhou.
Derramar biliões para o Estado gastar não é solução - apenas cegueira feita de muita má fé."

Excelente escrita, a tocar "no ponto". O problema é que este Estado é irregenerável. Pelo contrário, alimenta-se a si próprio porque visa a perpetuação dos "tachos" dos que o engordam. A partidocracia em que vivemos não consegue - nem que quisesse - parar o festim.

1 comentário:

  1. O artigo e o post são muito oportunos mas pecam por defeito na denuncia, pelo que me permito acrescentar o seguinte:

    1. Na verdade, a "classe" política apropriou-se do aparelho de Estado que, em vez de estar ao serviço dos cidadãos, passou a ficar ao dispor dos seus obscuros interesses e dos interesses privados que gerem. Não vão parar.

    2. É abjecta a mentira do liberalismo. Portugal nunca foi um país liberal, é um país socialista por exigência constitucional e é governado pelo socialismo há 11 anos, nos últimos 13. Se houve liberalismo, foi pelas mãos dos acusadores.
    A "social-democracia" tornou-se na outra face da mesma moeda, de valor facial nulo quando posta em circulação.

    3. O poder judicial foi acomodado por regalias e reduzido a uma caricatura, quer pelo poder legislativo quer pelo executivo que, sendo ambos constituídos pelos mesmos protagonistas, foram pacientemente tecendo a sua própria imunidade.

    Só mais uma nota. O "tacho" era uma coisa do antigamente, uma sinecura que se acumulava com outras, para reforçar os cobres e o estatuto social. São todos uns tachistas, dizia-se então. Presentemente, "saque" parece mais adequado.

    ResponderEliminar