Direi que se tratava de uma inevitabilidade. Jorge Lorenzo sagrou-se Campeão do Mundo de MotoGP (a três corridas do fim da época) como, antecipadamente e há muito, tive oportunidade de prever. Não que me tenha como algum iluminado em matéria de previsões, simplesmente porque a experiência de tantos anos a acompanhar corridas (e do "Mundial" desde 1987) me fez ver, cedo, no piloto de Palma de Maiorca as qualidades certas para se tornar num dos grandes da sua época.
Este ano, Lorenzo bateu-se com o seu companheiro-rival Valentino Rossi, com o seu arqui-inimigo Dani Pedrosa e com um desmotivado Casey Stoner. Bateu-os a todos. Na competição não há "ses", por isso não importa pensar no que seria o Campeonato "se" Rossi não tivesse caído em Mugello.
Lorenzo começou a ganhar a Rossi muito antes da corrida de Mugello. Antes mesmo da temporada se iniciar. Lorenzo percebeu, como poucos ou nenhum antes dele (talvez só Stoner) que para vencer Rossi há que batê-lo primeiro fora da pista. E só depois na pista. Lorenzo - ao contrário de Biaggi ou Gibernau - nunca se impressionou com as jogadas psicológicas do italiano, com os "números de circo" sempre amplificados pela veneranda imprensa transalpina. Lorenzo jogou de igual para igual no confronto de "egos" e no choque de mentalidades. Quando o primeiro gritava, o segundo gritava mais alto.
Lorenzo consegue, assim, ser dos poucos a bater o "melhor Piloto do Mundo" (provavelmente "de todos os tempos") no seu Reinado. Só Hayden e Stoner o fizeram antes. Esta é a História que ficará escrita. O resto são "ses".
Campeão do Mundo pela terceira vez, primeira em MotoGP, Jorge inscreve na honra dois nomes que não podem ser dissociados deste triunfo. Ramon Forcada, o técnico, o "Burgess" de Lorenzo, e Wilco Zeelenberg, o estratega que chegou este ano à box da moto 99 e ao qual - tenho a certeza - não serão alheios a frieza e o calculismo que Lorenzo demonstrou ao longo da época, principalmente nestas duas últimas corridas, não se deixando arrastar para a ilusão da vitória sobre Rossi a todo o custo.
Lorenzo, correu "por fuera". Se batesse Rossi seria um herói. Se não o fizesse, ninguém "levaria a mal". Afinal de contas, "É Deus no céu e o Rossi no MotoGP". Mas Lorenzo sabia que o tempo jogava a seu favor, que o futuro lhe pertence. Que tem tempo.
Tenho para mim que a maior vitória de Lorenzo - a pessoal - é a de ter roubado ao "galáctico" o seu lugar de "chefe de fila" da Yamaha, forçando-o a procurar refúgio, brilho e atenção noutras paragens.
No próximo ano, o espanhol parte como favorito. Mas. Terá Ben Spies nas suas costas, Pedrosa, Dovizioso (em subida de forma) e Stoner aos comandos das Honda de fábrica e Rossi numa Ducati necessariamente toda nova. A tarefa será enorme. Jorge Lorenzo estará, por certo, à altura da mesma.
Só é pena ser apenas mais um campeão e não um grande campeão..pois com atitudes como aquele que teve para com o Spies no final da prova, não aceitando o seu cumprimento, foi muito triste. Bem diferente da atitude do Rossi que apesar de tudo parou para o cumprimentar.
ResponderEliminarMarco, essa situação também me pareceu estranha, mas dá-me ideia que o Lorenzo nem o viu... Tinha acabado de ser Campeão do Mundo da disciplina máxima do motociclismo, estava emocionado, rodeado de gente doida aos pulos e a dar-lhe palmadas e ainda preparava a "cena" da celebração. Spies foi o primeiro a parar junto de Lorenzo e não conseguiu captar a sua atenção, acho que foi só isso.
ResponderEliminarEmbora não tenha grande simpatia pelo Lorenzo como pessoa, estou convicto que ele nem se apercebeu do Spies.
ResponderEliminarNas entrevistas, ele nem sabia bem o que dizer, nem construir uma frase.
Estava muito eufórico, fora de si.
Quem não se lembra das atitudes do Hayden quando foi campeão do mundo? Quase roçaram o ridículo...
Como piloto, tiro-lhe o chapéu! Além de saber pilotar como poucos, tem a verdadeira garra de campeão!
Parabéns Jorge!