8 de junho de 2009

Saber respirar

Viver na sombra de uma grande estrela tem, certamente, desvantagens. Mas também traz algumas conveniências. Uma delas é a dos holofotes estarem constantemente virados para o outro lado. Os erros são mais perdoados; as falhas menos vistosas; os méritos sobressaem mais.

Jorge Lorenzo tem vivido "tapado" pelo brilho de Valentino Rossi, um dos maiores motociclistas desportivos de sempre. Como poucos em semelhante circunstância, o maiorquino consegue gerir essa situação de forma muito sensata e coerente. Nada do que se previa quando, ainda cheio de basófia, deixou as "dois e meio" a caminho do grande palco do MotoGP.

No ano passado conseguiu um conjunto brilhante de resultados para um "rookie". Mas ía depressa demais. Provavelmente empurrado pelo "experior". Teve o sangue frio e a inteligência para saber que o caminho que havia de traçar, teria que ser traçado pela sua vontade, não pela de terceiros. Por isso não se deixa impressionar com a imprensa. Usa-a. Por isso despediu (amigavelmente) o seu "eterno" manager no final da época passada. Atitude que o distingue do arqui-rival Pedrosa.

Lorenzo descobriu a espiritualidade para ultrapassar a dor física. Hoje utiliza-a para se concentrar e motivar. "Tenho frequentado aulas de relaxamento", confessa, "aprendi a descontrair muito depressa, concentrando-me apenas na respiração."

"No dia da corrida sinto sempre um nó no estômago e isso tira-me energia." No Japão, onde veio a conseguir a primeira vitória desta temporada, "começou logo de manhã. Antes da corrida pus os 'headphones' e concentrei-me na respiração, com a ajuda das guitarras dos 'Red Hot Chili Peppers' - o meu grupo favorito para o efeito." Nesse dia bateu Rossi por 1,3 segundos.

Lorenzo segue uma técnica terapêutica chamada Sofrologia, menos popular e divulgada que o Ioga ou outras semelhantes. "Ensina-nos a descontrair, controlando a respiração e a melhorar o nosso pensamento eliminando os aspectos negativos. Vou a uma sessão por semana." E prossegue. "A maioria das pessoas respira demasiado depressa, o coração bate muito rápido e ficam demasiado tensos."

Pode ser este o segredo de um piloto que, apesar de ter apenas 22 anos, parece crescer a cada saída para a pista. Em 2008, Jorge Lorenzo foi "rookie" do ano na sua primeira temporada com a Yamaha M1 e quarto no Campeonato. A "respirar" desta maneira não me admiraria se conseguisse um resultado bem melhor em 2009.

3 comentários:

  1. Como os tempos mudam. O Marco Lucchinelli, antes das provas, ia até à roulote e descontraía, por vezes com mais do que uma...

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  2. Não deixava de ser um exercício respiratório...

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