30 de abril de 2009

Missão cumprida

Terminou no passado fim de semana a minha missão à frente do Triumph Moto Clube de Portugal.

Embora só seja sócio desde 1998 (ano em que adquiri a minha Speed Triple), assisti ao seu nascimento em 1992 e acompanhei algumas das suas primeiras iniciativas, nomeadamente a ida à fábrica de Hinckley no ano seguinte à formação do clube.

Quase seis anos depois de uma reunião na Vela Latina, em Belém, em que se optou por avançar para impedir que o clube seguisse uma lógica de extinção, o balanço é o possível. Com o meu querido amigo Miguel Revés lançámos os alicerces para o que se fez a seguir e, na hora dramática do seu desaparecimento, a melhor homenagem que lhe podíamos prestar era continuar a tarefa.

Assim se fez, dobrando a meta simbólica dos 15 anos e lançando as sementes para que uma geração mais recente no clube (e também mais jovem na média de idades) pudesse pegar no testemunho.

Sucede-me um bom amigo com quem partilho e comungo quilómetros e ideias. Dará boa conta do recado, garanto-vos.

Vou continuar a participar e a ajudar no possível e no que me pedirem. Vou continuar, também no Triumph Moto Clube de Portugal (um dos mais antigos na Europa), pela estrada fora.

27 de abril de 2009

This is racing!!!

No fim de semana em que Lorenzo voltou a "mostrar os dentes" ao seu chefe de fila, na catedral de Assen outro jovem talento da Yamaha proporcionava um espectáculo desportivo de primeiríssima qualidade. Ben Spies, depois de ter conquistado a quarta "superpole" em quatro corridas, "inventou" duas ultrapassagens que são do melhor que vimos nos últimos anos para bater Leon Haslam (fixem este tipo também) e "Nori" Haga.

Isto, meus amigos, é uma corrida de motos. Deleitem-se.

26 de abril de 2009

Um azar nunca vem só...

Já aqui tinha apresentado a minha "teoria"... Aquela segunda Ducati está mesmo a precisar de um "tratamento" contra o mau olhado. Desta vez, o pobre do Hayden nem uma volta deu. "Levou" com o herói local - o desenfreado Takahashi - em cima e aterrou sobre as costas, exactamente onde se tinha magoado no "highside" do Qatar.

É caso para ir à bruxa, digo-vos...

25 de abril de 2009

Banhada II

Depois da "tempestade no deserto" e de todas as "barracas" do Qatar, o MotoGP foi ao Japão viver mais um episódio caricato e original: o cancelamento de todas as sessões de treinos de qualificação devido à chuva torrencial que se abateu sobre o complexo desportivo de Motegi. Ridículo. E, estou em crer, inédito.

Rossi já disse tudo: ir ao Japão a meio do mês de Abril é arriscar uma situação como esta. Esperava-se, portanto. Agora, vão para o dia de corrida com 45m de treino em piso seco (FP1), 45m de treino em piso molhado (FP2), uma warm-up que não dará para grande coisa e a grelha de partida formada com base na primeira sessão de treinos livres... Coisa que, acredito, também será inédita. Será, disse Rossi, a corrida mais incerta de sempre.

Com tantos cancelamentos e adiamentos, quem deve andar muito satisfeito são os canais de televisão que este ano se estrearam no "negócio" com o Sr. Ezpeleta. No Domingo à noite, no Qatar, transmitiram para o boneco, na segunda-feira deverão ter tido significativas quebras de audiência e hoje de madrugada não tiveram mais nada para mostrar (se é que mostaram, não vi) que uma pista alagada e muitos chapéus de chuva abertos.

24 de abril de 2009

23 de abril de 2009

As provas de Resistência

As corridas de resistência são uma classe à parte. A resistência é uma espécie de “filha bastarda” quando se fala da “alta roda” do motociclismo. Como o eram as provas de TT-F1 e, na mesma lógica que conotava estas com os ingleses e as ilhas britânicas, a “endurance” é tida como “coisa de franceses”, entre Le Mans e o Bol d’Or.

O público (normalmente) despreza-a, a comunicação social (praticamente) ignora-a. Compreende-se: uma prova de 24 horas é difícil de seguir, de entender e de provocar entusiasmos. E no entanto…

Na resistência não ganha o indivíduo mais rápido. Logo porque cada moto é conduzida por três. Mas ganha a melhor equipa (os que conduzem e todos os outros), os que melhor se preparam e os mais inteligentes na definição da táctica.

Suscitando pouco interesse nas marcas que disputam os primeiros lugares dos grandes palcos, não percebo porque não se interessam pela disciplina as marcas que não podem envolver-se em SBK ou MotoGP (na maior parte dos casos porque desenvolver uma moto para ganhar em MotoGP ou SBK é extremamente caro). Marcas como a Moto Guzzi, a Triumph, a KTM, entre outras, teriam muito a ganhar com o sucesso nas corridas de longa distância.

É também a disciplina onde os privados ainda ganham. A única a nível de campeonato do mundo onde uma formação portuguesa se impôs (que bom foi o Team Suzuki-Shell).

…E depois há a magia dos ambientes, da superação face aos azares, às intempéries, à noite, na constante corrida contra o cronómetro.

Segui, na minha carreira profissional, muitas corridas de Resistência; de automóveis primeiro, depois de motos em palcos fantásticos como Le Mans, Spa-Francorchamps, Monza, Paul Ricard… e tantos outros. Nunca dei por mal empregue esse tempo, nem por sacrifício essa missão. Estive muitas vezes, encostado a um rail a tirar fotos em mais um pôr-do-sol, a petiscar com os mecânicos nas traseiras de uma box ou a dormitar debruçado sobre a mesa na sala de imprensa.

Como eu gosto daquilo.

As fotos são de Stan Perec e dizem respeito às 24 Horas de Le Mans deste ano, disputadas há uma semana, que acabaram com a vitória da Yamaha-Austria (Steve Martin, Igor Jerman e Gwen Giabbani, nº7), com mais de 90 mil espectadores a assistir... Não está mal.

21 de abril de 2009

Não tão estranho assim

No estranho caso de Benjamin Button, há algo que não me parece assim tão estranho. Parece-me, até, bastante lógico e natural.

A meio caminho das suas vidas, o rapaz que nasceu velho e caminha para novo, e a menina que nasceu como toda a gente, encontram-se e nesse encontro estão as motos.

Motos e felicidade é uma combinação que nada tem de estranho caso.


(e se eu pedir com jeitinho, acham que a Cate Blanchett dá uma volta de moto comigo?...)

20 de abril de 2009

Jim Clark e o Lotus 49

Pode parecer estranho ver por aqui um veículo com duas rodas a mais. Mas não resisti.

O grande Jim Clark e o Lotus49 formam uma imagem icónica tão forte quanto "Ago" a espremer a MV Agusta ou "Mike The Bike" aos comandos da Honda na Ilha de Man.

19 de abril de 2009

Clássicas modernas

Se a Triumph introduziu o conceito com o (re)lançamento da família Bonneville (ou até antes, se quisermos ir aos anos '90 buscar as Thunderbird), ninguém - até agora - o fez tão bem quanto a Ducati.

E esta Sport 1000 S é um exemplo perfeito disso mesmo. Bom material, bons acabamentos, o conceito estético bem composto com soluções técnicas de qualidade. Aliás, estive há bem pouco tempo prestes a sucumbir aos seus encantos... e não sei se não terei uma recaída.

17 de abril de 2009

16 de abril de 2009

Mais clássicas

Isto também é capaz de ser bom programa... (8, 9 de Agosto, entrada livre).


(Estive uma vez em Nogaro, a fazer a corbertura de uma prova do Campeonato da Europa de Carros de Turismo, no início dos anos oitenta do século passado; voltei lá para uma apresentação Honda, não me lembro de cor em que cada ano. É um circuito bem engraçado, muito variado e com condução. Nunca me esqueci que Nogaro tinha uma praça de touros... enfim, um recinto para touradas... com uma árvore no meio, e nem sequer era ao centro...)

O Estado a que isto chegou

Carlos Abreu Amorim é professor universitário e colaborador no CM. Com devida vénia ao autor e ao periódico, transcrevo a sua coluna de hoje, que tem por título "Não foi o liberalismo".

"O chavão mais recorrente desde que a crise nos usurpou o quotidiano consiste em culpar o liberalismo de todos os males. As incriminações partem dos que preferem a intervenção estatal como motor da sociedade em prejuízo da liberdade económica (e da política, consequentemente). Elegem a acção do Estado como fazedor universal de felicidade, sobretudo dos mais desfavorecidos, e vigiam o êxito dos indivíduos e das empresas como perigos latentes. Para tal, os impostos aumentaram para pagar uma máquina estatal que incha sem parar e que já absorve mais de 50% da riqueza.
Mas, após 40 anos de dilatação do Estado dito Social, ainda há mais de dois milhões de pobres: o modelo falhou.
Derramar biliões para o Estado gastar não é solução - apenas cegueira feita de muita má fé."

Excelente escrita, a tocar "no ponto". O problema é que este Estado é irregenerável. Pelo contrário, alimenta-se a si próprio porque visa a perpetuação dos "tachos" dos que o engordam. A partidocracia em que vivemos não consegue - nem que quisesse - parar o festim.

15 de abril de 2009

Welcome back

O regresso da Norton é uma grande notícia até para um triumphista convicto e viciado como eu. O empreendor britânico Stuart Garner trá-la de volta a terras de Sua Majestade e promete reavivar a sua chama e glória. A começar pela participação nas corridas da Ilha de Man deste ano.

Para comemorar o ressuscitar da marca, Garner vai realizar um grande encontro nos próximos dias 19, 20 e 21 de Junho, em Donington Park, com exposições, demonstrações, voltas ao circuito, concertos e visitas às novas instalações baseadas, precisamente, no parque industrial do famoso circuito.

Se é adepto da marca, ora aqui está um programa que não deverá perder.

Welcome back Norton.

A maldição

Aquela segunda Ducati parece amaldiçoada. Em 2007, Capirossi ainda venceu o GP do Japão numa lotaria provocada pela chuva, mas tirando esse resultado, tanto ele, como, em 2008, Melandri, coleccionaram más exibições e nunca, mas nunca, se mostraram capazes de acompanhar o ritmo imposto pelo sobrenatural Stoner.

Com Hayden, dizia-se que o panorama podia mudar. Não que o americano seja um talento muito acima da média, mas é um tipo sério, dos melhores profissionais do paddock e "marrão" como poucos. O seu estilo do condução mais selvagem e o background de dirt-track (tal como Stoner) pareciam garantais de sucesso. No entanto...

Na pré-época, Hayden "ficou a um segundo" de Stoner. Moto nova, depois de seis anos na Honda, e sobretudo, novos pneus Bridgestone em vez dos Michelin com que sempre correu, tornavam a diferença aceitável. No Qatar, os azares sucederam-se: em FP1 um problema eléctrico levou-o a trocar para a segunda moto que teve problemas de embraiagem logo de seguida. Em FP2 partiu um motor; na qualificação sofreu um "higside" monumental a 200 km/h... Com dificuldade alinhou na corrida e foi melhorando com o passar das voltas. Acabou em 12º, mas foi claramente batido pelo "rookie" Kalio na Ducati-B. Registou a sua melhor marca na última volta da corrida e saíu das arábias confiante. Mais pelo domínio que viu Stoner exercer do que pela sua própria prestação.

Conseguirá o rapaz do Kentucky vencer a "maldição da segunda Ducati"?

14 de abril de 2009

Seca

Ao banho da véspera seguiu-se a seca na segunda-feira à noite. E não me refiro, desta vez, às condições meteorológicas. Refiro-me à corrida - se é que "aquilo" se pode chamar corrida.

Era previsível o domínio de Stoner, era previsível até - tendo em conta a realidade do GP desde a introdução das motos/Playstation - que a corrida fosse, digamos, vá lá, assim,... pouco competitiva. Agora, um "secão" destes poucos esperariam. Ou desejavam.

O "desfile" do Qatar acabou com Rossi a sete segundos do australiano da Ducati e Lorenzo a 14. Edwards a 24. Os quatro primeiros (!). Ultrapassagens, despiques, lutas, enfim tudo o que dá interesse a uma corrida, pouco ou nada. Nada. Os momentos mais emocionantes da corrida-do-lá-vai-um foram a queda de Capirossi e o encosto (eh,eh...) do De Angelis ao pobre do Pedrosa.

Senhoras e senhores, motociclisticamente falando, bem vindos ao MotoGP, bem vindos ao PIOR espectáculo do Mundo.

António Lima dá a bandeirada ao vencedor do "desfile" do Qatar

13 de abril de 2009

Banhada

O anti-climax de Domingo à noite (Rossi comparou-o a ser apanhado pela mãe de uma rapariga bonita em casa dela prestes a... vocês sabem) expôs a fragilidade da luxuriante extravagância que é correr um GP à noite no meio do deserto.

Desde o início que tudo isto parecia despropositado. Um capricho de gente rica. Domingo à noite, rebentou-lhes na cara. Uma enxorrada. Uma banhada.

Foto: motogpone.com

11 de abril de 2009

Cap d'Antibes, Junho 2008

No regresso dos Tridays.


Fotos by: motofreud


80%

“Comigo ou Stoner, a HRC estaria à frente”, passa por ser, provavelmente, a afirmação mais importante do fim de semana de corridas no Qatar. Disse-o Rossi. Claramente. Explicando: Pedrosa não é mau mas está lesionado, outra vez; “Dovi” poderá vir a ser Campeão do Mundo mas falta-lhe, ainda, experiência para desenvolver a moto.

No seu ainda não esquecido ajuste de contas com a Honda, “The Doctor” disse ainda outra coisa. É ele e o australiano… e depois os outros. Afinal, os números provam-no. Em duas temporadas de MotoGP800 Rossi e Stoner venceram 80% das corridas.

9 de abril de 2009

Business:1 / MotoGP:0

Volto ao tema.

A Dorna acredita que, ao não renovar o contrato com o Eurosport para a transmissão da temporada do MotoGP, fez um grande negócio. Não tenho qualquer dúvida. Também acredita que, com isso, vai aumentar a visibilidade e reconhecimento do MotoGP. Não acredito.

A Dorna fez um bom negócio pois, negociando com vários, cobra mais a cada um, do que ao negociar só com um. Mas quanto à divulgação da modalidade, parece que estamos conversados. Contrariando o que anunciara antes, acabou por negociar com canais que exigem assinatura. É o caso de Portugal.

Tal como acontece com a Fórmula 1, a Sport TV de Joaquim Oliveira, é a televisão oficial do MotoGP. Repito exactamente o que escrevi em Fevereiro neste blog: nem eu, nem ninguém que eu conheça (e conheço uns quantos que gostam mesmo, mesmo, mesmo de motos) vai assinar a Sport TV para ver o MotoGP. E todos o víamos no Eurosport.

Conclusão, a Sport TV ganha, a Dorna ganha, o adepto perde.

O negócio ganha, o desporto perde.

Pagar por pagar, que se vejam as corridas no motogp.com. Sem intermediários.


8 de abril de 2009

200 Milhas de Imola

Há corridas assim. Nascem bem, crescem e, mesmo quando definham e morrem, deixam uma marca que faz com que nunca se esqueçam. Não há muitas. As 200 Milhas de Imola são uma dessas provas.

Uma corrida de velocidade de média distância, em circuito fechado, é algo pouco comum na Europa. Há o eterno TT na Ilha de Man e as mais longas provas de Resistência. Mas do que falo, é de algo como as 200 Milhas de Daytona, que se correm desde os anos 30. A prova da Florida granjeou uma reputação que a tornou referência no mundo da velocidade mesmo definhando na última década e meia. Dela aqui falaremos um dia.

Na Europa, as 200 Milhas de Imola, em Itália, nasceram à sua imagem e semelhança. Nem a terminologia da distância mudaram. A ideia foi do entusiasta italiano Francesco Costa.

Em 1972 (23 de Abril) correu-se a primeira edição, com um plantel de luxo à partida: Phill Read em Norton, John Cooper em BSA, Helmut Dahne em BMW, Paul Smart na Ducati, Jack Findlay em Moto Guzzi, Agostini na MV Agusta. “Mino” teve problemas com na moto do Conde Agusta, desistindo, e deixou na luta pela vitória as Ducati de Smart e Spaggiari, com vantagem final do inglês.

Um daqueles momentos magníficos da história do motociclismo desportivo. Foi em homenagem desta vitória que a Ducati lançou recentemente a Sport Classic 1000 “Paul Smart” Limited Edition.

Por Imola passaram grandes nomes e grandes motos. Em 1973 Jarno Saarinen (um dos mais talentosos da sua geração, prematuramente desaparecido) vence em Daytona e em Imola. No ano seguinte Agostini, recém contratado pela Yamaha, repete a proeza.

Depois foi Roberts, Cecotto, as Yamaha TZ 750 a brilharem. Até 1978, as 200 Milhas vivem a sua época de ouro, com cerca de 140 mil espectadores no circuito e cobertura televisiva em Itália. Mas nos anos 80 a prova entra em declínio e rapidamente perde interesse. Eddie Lawson vence a última edição, em 1985. “Cecco” Costa morre em 1988.

Embora Imola tenha voltado a receber provas de velocidade, nomeadamente do Mundial, a atmosfera que se vivia nas 200 Milhas foi irrepetível.





A frieza dos números

Dos 18 pilotos à partida para o MotoGP deste ano, 17 já ganharam corridas de Campeonato do Mundo – 125cc, 250cc, 500cc/MotoGP, Supersport e Superbikes; 11 foram Campeões do Mundo. Entre eles, 335 vitórias… Mas deste a vitória de Elias no Estoril em 2006 (no último ano das 990cc) que não há uma ultrapassagem na última volta de uma corrida.

A diferença entre primeiro e segundo classificados nos dois anos do MotoGP com 800cc é, em média, superior a… 5 segundos.

A nova temporada está à porta. Mau presságio.

6 de abril de 2009

Juro que não sabia

Quem ficou indignado com o conteúdo do meu último post neste blog, bem pode pensar que a notícia divulgada hoje pelo Correio da Manhã já seria do meu conhecimento. Mas não, é só uma coincidência. Infeliz, claro.

Um empreiteiro da Amadora entregou quase 40 mil euros em dinheiro vivo, enfiado em malas, a um ex-deputado do PSD para pagar encargos com a campanha eleitoral. O facto que ilustra a opinião aqui exposta abaixo. Ser do PSD é apenas pormenor.

Cada vez mais, nas eleições, estão em confronto, não as ideias, não a competência, não os partidos com os melhores programas, mas aqueles que contam com os mais ricos empreiteiros.

4 de abril de 2009

Numa Auto-Estrada perto de si

Diz o Expresso de hoje. Portugal tem nove auto-estradas a mais. Nove! Somos, já sabíamos, o país da Europa com maior densidade de AEs por km2; apesar de sermos dos mais pobres e atrasados. Mas isso não chega.

Há mais de 650 kms de AEs que não têm tráfego que justifique a sua existência. 650 kms!!! De acordo com especialistas em transportes referidos pelo jornal Expresso, são completamente desnecessários alguns investimentos previstos pelo Governo de Sócrates de que será o exemplo mais escandaloso a terceira Auto-Estrada Lisboa-Porto. Sim, a terceira. As duas existentes permitem uma circulação de 150 mil veículos por dia, quando apenas 50 mil as utilizam. Ou seja, existe, hoje, capacidade para triplicar o tráfego sem construir um quilómetro de AE. E apesar disso…

Mário Lino, essa caricata figura, já adjudicou cinco novas concessões num investimento de 2554 milhões a pagar em 25 anos. No final deste período custarão 7190 milhões, ou seja três vezes mais do que custariam se fossem pagas hoje. Sem delas precisarmos sequer!!!



É inacreditável. É como se fosse um pesadelo. Parece impossível. Mas é só mais um exemplo da total falta de vergonha na cara de quem nos governa há anos. E o país inteiro sabe porque é que isto acontece. Isto acontece para não quebrar o ciclo da perpetuação do poder que manda em nós: governos adjudicam obras a empreiteiros que financiam campanhas dos partidos que vão para o governo adjudicar obras a empreiteiros que… E por isso há sempre mais obras e mais obras e mais obras. Desnecessárias e caras, não importa. Nós, com os nossos IRSs, os nossos IVAs, os nossos IUCs, as portagens de roubo que nos cobram, os combustíveis cujo preço nunca baixa que nos vendem, nós pagamos, com os nossos impostos, tudo isso.

Para perpetuar esta corja no tacho.

Como é que o outro lhes chamou há dias?... Já me lembro: Vampiros!

3 de abril de 2009

Ace Day 2002

O meu primeiro Ace. Em 2001, Steve Weslake, dando sequência à sua saudável teimosia, comprou o imóvel e reabriu o Ace Cafe. Prometera a mim mesmo que lá estaria. Não pude ir porque o primeiro filho marcou o seu nascimento para uma semana antes.

No ano seguinte, na companhia doutro “estradista”, lá fomos carimbar os passaportes como os primeiros portugueses a porem os pés no novo Ace Cafe. Digo-vos que a sensação aproximou-se da que se tem à entrada de um recinto “sagrado”. Afinal, estávamos a viver um pedaço renascido da história, não só motociclística, mas social se quiserem.

No Sábado, bebemos uns pints e vibrámos com as máquinas de todos os tempos e com a música dos “Number9”. No Domingo descemos a Brighton, num dos mais bonitos cenários veraneantes da velha Albion. O Madeira Drive cheio de motos e rock n’roll, a famosa praia batida pelo sol e banhada pelas águas calmas da Mancha. Um fim-de-semana verdadeiramente inesquecível (aliás, toda a viagem).

Aqui ficam uns “postais” de lembrança.

Ace Day 2002 (Brighton Burn-up)

2 de abril de 2009

A terra do Lourenço (em BD)

Gosto de motos, de corridas de motos e de pilotos de motos. Pilotos que saiam da mediania, que acrescentem carácter ao talento, carisma ao cronómetro.

Jorge Lorenzo é um desses pilotos. A resistência estóica do ano passado na fase das dolorosas quedas e lesões é própria de um guerreiro espartano, figura com a qual, aliás, gosta de se identificar. Com a experiência perdeu a basófia de adolescente que se lhe via amiúde nas "dois e meio". Previ que o choque de personalidades e o confronto de egos com o seu "chefe de fila" fosse titãnico. Previ mal.

Lorenzo, provando que é do clube dos inteligentes, soube observar, aprender. Esperar. Quando no final do ano dispensou o seu "manager", completou a emancipação. Tem o futuro à sua frente.

Gostei que tivesse ganho o seu primeiro MotoGP em Portugal. De algum modo, isso fá-lo mais nosso.

Quarta-feira desta semana, em Barcelona, foi lançada a sua "biografia" em Banda Desenhada.

Também gosto de Banda Desenhada.

O regresso do Paul Ricard

O circuito de Le Castellet-Paul Ricard está de volta. Depois de alguns anos vedado a grandes competições, tendo deixado de ser, inclusivamente, palco da mais carismática prova de resistência para motos na Europa – o Bol d’Or – o circuito dos arredores de Marselha foi alvo de uma profunda remodelação e, espera-se, possa regressar como palco dos maiores eventos desportivos motorizados.

Para abrir o apetite, houve, em Março último, um “Sunday Ride Classic” onde foi possível ver algumas motos de competição )e não só) que fizeram a história do motociclismo, assim como alguns nomes míticos da modalidade, especialmente franceses.

As fotos são de Adrien-Manu, para o site MotoTribu.

1 de abril de 2009

A “iberização” do mercado nacional

No plano teórico, da lógica empresarial e da plataforma logística, faz todo o sentido que as marcas (sejam de motos ou de produtos para a queda do cabelo) tenham Espanha como centro regional de gestão da sua actividade na Península Ibérica. Não só por “o país vizinho” estar no patamar social e económico europeu, ao contrário de Portugal, mas também por ter uma burocracia infinitamente menor que a nossa e ser muito mais ágil no desenvolvimento dos negócios. Também porque, convenhamos, geograficamente, Madrid é, realmente, o Km0 desta “jangada de pedra” equidistante dos seus extremos.

Acontece que, as motos não se compram – nem vendem – com a mesma desapaixonada frieza de quem compra – ou vende – produtos para a queda do cabelo. Ao contrário. E é aqui que entra em campo o factor cultural. Há uma História de séculos com mais diferenças e rivalidades que “projectos comuns”. Com mais bordoada que palmadinhas nas costas.

O que separa Lisboa de Madrid são muito mais que 600 km. É um fosso cultural, ideológico e genético maior do que se pensa. Maior do que julgam os espanhóis e os “portugueses” que acham que resolviam a sua vidinha sendo espanhóis. Somos diferentes, ponto.

Três marcas “Premium” estão representadas em Portugal através do negócio espanhol: desde o dia 1 de Janeiro a Harley-Davidson e a Triumph e, já com algum passado, a Ducati. Um sinal dos tempos e da magreza do nosso mercado. Entre elas, a italiana era a que parecia ter encontrado a melhor fórmula, tendo um “ponta de lança” português. Acaba de dispensá-lo. Uma fórmula que a americana também se prepara para adoptar… ou não fossem catalães os seus directores e, por isso, mais sensíveis a questões de nacionalidade. A inglesa está há três meses para arrancar com o negócio em Portugal e parece completamente perdida… Estamos em Abril e (no dia em que escrevo) ainda não tem concessionário em Lisboa a funcionar.
Será esta uma tendência generalista do mercado? Irão mesmo as marcas maiores ceder à tentação de controlar o negócio através das filiais ou importadores espanhóis? É muito provável, talvez só escapando as que já têm subsidiárias abertas em Portugal e, por isso, estão representadas directamente.

O futuro, sobretudo das marcas já aqui citadas, muito dirá sobre a viabilidade e acerto desta estratégia. Aguardemos, então.

Devo esclarecer que nada me move contra Espanha e os espanhóis. Tenho lá amigos e admiro muitas das coisas que fazem. Mas confesso que gosto pouco de “iberismos”. Saibamos respeitar a independência das nações e as particularidades culturais de cada povo.

Editorial da revista MOTOCICLISMO #216, Abril de 2009