Terminou a época do MotoGP com mais uma corrida sem interesse nem luta pelos primeiros lugares. Pedrosa ganhou, as duas Yamaha seguiram-se e o único piloto que podia ter dado luta ao espanhol da Honda, Casey Stoner (que ganharia aqui a sua terceira corrida seguida após o regresso), caiu estranha e estupidamente na volta de aquecimento.
Comecemos por aqui. Os pilotos diferem na forma como abordam a volta de aquecimento antes das corridas. Muitos efectuam a volta a bom ritmo de modo a chegarem à grelha com a borracha quente. Alguns atrasam a sua chegada à grelha após a volta de aquecimento, de modo a estarem parados o menor tempo possível antes do semáforo acender. Na Ducati, os seus pilotos adoptam tácticas diferentes. Hayden faz a volta de reconhecimento antes da formação da grelha com a moto de reserva mas com pneus que vai utilizar. Pára na box e volta a sair mas desta vez com a moto de corrida para a sua posição na grelha, adoptando um ritmo lento para não arriscar. Os seus mecânicos cobrem os pneus quentes, retiram-nos da moto de reserva e vão montá-los na moto de corrida que entretanto chega à grelha. Hayden sai para a volta de aquecimento já com os pneus quentes. Stoner não faz isto. Sai para a volta de reconhecimento com a moto de corrida e com os pneus de corrida e toma o seu lugar na grelha. Cobre-os para os manter quentes e depois atrasa o mais possível a sua saída para a volta de aquecimento, fá-la a bom ritmo e tenta sempre ser dos últimos a chegar à grelha para manter a temperatura durante os poucos segundos que antecedem o apagar das luzes vermelhas. Em Valência, o forte vento frio que soprava sobre a pista arrefeceu demasiado os pneus da Ducati, quando Stoner quis imprimir ritmo, aqueles estavam mais frios do que habitualmente. Caíu e a sua corrida acabou antes de começar. Não tão ridículo quanto a opção de sair com pneus de chuva na pista seca de Donington, mas no mínimo caricato.
Sem emoção nenhuma na luta pelos primeiros lugares, em boa parte devido ao episódio atrás relatado, o interesse da corrida valenciana passou a centrar-se naquilo que poderia fazer Ben Spies. Bom, fez o que se viu, foi sétimo. Igualou o melhor resultado de um estreante este ano em MotoGP (Kallio, em Misano), à primeira. Ok, já tinha feito três corridas em 2008 pela Suzuki. Mas não é bem a mesma coisa, pois não?... Fez mais, sem querer; ficou à frente de Andrea Dovizioso (isto sim, é "obra") e assim "deu" a Colin Edwards a quinta posição no campeonato, a de melhor piloto de uma equipa satélite e, se preferirem, a de "best of the rest", atrás do "quarteto fantástico".
Rossi diz que Simoncelli vai fazer melhor que Spies na próxima temporada. Duvido. Não só porque acho Spies muito melhor piloto, mas também porque tem muito melhor cabeça. Aliás, se Rossi viu bem a corrida de ontem poderá questionar a justiça da sua previsão, quando Simoncelli se atirou para o asfalto numa corrida que tinha de ganhar para poder ser Campeão e seguia no comando sem ser pressionado. Mas Rossi, não estava a falar sobre o seu amigo e compatriota, estava (já) a fazer um dos seus mind-games com aquele que deverá ser o seu substituto na equipa oficial da Yamaha em 2011.
Sim, porque após a corrida, Rossi disse numa entrevista à BBC - preto no branco - que a Yamaha vai ter de optar entre ele e Lorenzo pois tem na mão uma (boa) proposta para sair para a Ducati no final da próxima temporada. Acho que a Yamaha vai deixá-lo sair. Porque ele QUER sair e porque não estará disposta a cometer uma loucura financeira para mantê-lo. Além disso tem Lorenzo (mais novo e em progressão) e Spies.
Rossi acabou como Campeão. Justo e merecido. Ganhou este campeonato na Catalunha, quando ultrapassou Lorenzo na última curva, mostrando-lhe que ainda é melhor que ele, no mesmo fim de semana que Stoner entrava em "crash" físico.
2010 já começou (com testes em Valência até quarta-feira), mas 2011 também já começou. A próxima temporada será um normal prolongamento desta, com Rossi, Lorenzo, Stoner e talvez Pedrosa na luta pelo título. No ano seguinte, com muita gente a trocar de moto, haverá um "reset" absoluto em termos competitivos. Muito interessante.
Na sexta feira, Carmelo Ezpeleta (Dorna) disse que em 2012 o MotoGP pode voltar aos motores de 1000cc. No Domingo, Vito Ipolito (FIM) defendeu que o acordo existente com os promotores do Mundial de Superbikes não impede, claramente, que as MotoGP possam correr com motores derivados de série... Estranho, tendo em conta os antecedentes. Mas bastante claro na interpretação daquilo que irá passando pela cabeça dos responsáveis das marcas e dos organizadores do MotoGP.
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