4 de dezembro de 2009

Apocalypse Now

Uma associação britânica de críticos de cinema, a London Film Critics' Circle, acaba de nomear "Apocalypse Now" como o melhor filme dos últimos trinta anos, precisamente quando a obra de Francis Ford Coppola está a comemorar o seu trigésimo aniversário. Nesta distinção, bateu "A Lista de Schindler", de Spielberg, numa lista de 10 que inclui ainda grandes títulos como "Imperdoável", de Eastwood, "LA Confidential", de Curtis Hanson, e "Fargo", de Joel Coen, entre outros.

"Apocalypse Now" é um dos meus filme preferidos de sempre. O seu lançamento - ultrapassadas todas as polémicas que rodearam a produção - marca um momento na história da "sétima arte", tendo aberto, claramente, novos caminhos e revelado toda uma abordagem nova nos campos da estética e da narrativa cinematográficas. "Apocalypse Now" é, ainda, um documento precioso para se "perceber" a Guerra do Vietname, particular a que é obrigatório juntar outra obra verdadeiramente magistral chamada "Full Metal Jacket", de Stanley Kubrick.

O filme de Coppola consagra a figura de Marlon Brando (Coronel Kurtz), numa das suas melhores (breve, mas poderosa) aparições na tela, e "apresenta" ao público uma nova estirpe de actores que vão de Martin Sheene (Capitão Willard) a Harrison Ford (o jovem Coronel Lucas que surge no início do filme) passando pelos marcantes Robert Duvall (Tenente-Coronel Bill Kilgore da "cavalaria aérea") e Dennis Hopper (o fotojornalista que vive junto de Kurtz).

Sob o manto inspirador de George Lucas, e com ele, apareceram a realizar filmes fundamentais das décadas de 70 e 80 (e por aí fora...), para além do já citado realizador, nomes como Spielberg, Scorsese, Zemeckis, entre outros.

Vi "Apocalypse Now, em estreia, na última fila do balcão do velho "piolho" da Amadora, então chamado Cine Plaza. Lembro-me de ter sido o primeiro filme que me deixou verdadeiramente em "silêncio meditativo" quando as luzes se acenderam no final.

1 comentário:

  1. Excelente. É um dos melhores filmes de sempre, e não só dos últimos 30 anos. Aliás, é ridículo citar-se o Apocalypse junto com lixo como A lista de Schindler, uma comédia pitoresca como Fargo, ou um filme somente excelente como Imperdoável.

    A indústria americana felizmente produziu muito mais e melhor que os citados, pelo que, para se assumir a verdadeira grandeza de Apocalypse, ele tem que ser posto a concurso numa divisão maior, a da historiografia do cinema.

    Uma das coisas notáveis do filme, e o Pela estrada fora já sublinhou o essencial, é o facto de ter sido baseado na obra de Conrad "Heart of Darkness", publicada em 1902. O livro, não sendo uma obra-prima absoluta como o filme, é no entanto uma obra muito importante da literatura inglesa da viragem de século, em plena transição da era vitoriana para o alvor do modernismo.

    O filme segue não propriamente o livro mas o seu estilo narrativo, de uma narração dentro de outra, inspira-se no ambiente africano, onde a acção do livro decorre, e transpõe para a imagem toda a angústia que se pressente na escrita de Conrad mas que nos atinge em cheio através da obra de Coppola.

    A película está recheada de cenas, personagens e lines absolutamente inesquecíveis, as tais pequenas narrativas dentro da narrativa em que cada quadro permitiria imaginar que, por si, cada um daria um outro filme. As peripécias da própria filmagem nas Filipinas contribuiram para o mito e dariam elas mesmas um outro filme.

    Obra-prima absoluta e tão intemporal como o Coração das Trevas.

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