14 de dezembro de 2009

O regresso das 1000

A Comissão de Grandes Prémios já decidiu: a cilindrada de 1000cc vai voltar a ser o limite autorizado para as motos de MotoGP a partir de 2012.

Como princípio, parece-me uma decisão acertada. A redução de cilindrada, para 800cc, em 2007, obrigou os construtores a aperfeiçoar outros meios de desenvolvimento para baixar os tempos por volta. Nomeadamente, acelerou o recurso aos dispositivos electrónicos para interferirem no desempenho da moto, reduzindo o papel e a influência dos pilotos sobre as máquinas. E encareceu sobremaneira a categoria, ao levar a mecânica para limites nunca antes atingidos. Para um motor a quatro tempos roçar ou bater a barreira das 20.000 rpm houve que recorrer a válvulas pneumáticas limitando bastante a vida dos motores.

Em primeiro lugar, a decisão agora tomada é o assumir do erro que foi a redução de cilindrada e os argumentos que a sustentaram. A segurança. A rapidez das potentes motos de um litro de cilindrada. Afinal, apenas três temporadas após a redução, só um recorde de circuito "sobreviveu" (Donington) e tal deve-se, principalmente, às condições meteorológicas adversas que se fizeram sentir este ano. As 800 curvam mais depressa que as 1000. Houve mais acidentes em curva do que era costume.

Desta vez, a FIM e a Dorna propõem medidas (acertadas) de contenção que, embora influenciando a performance, visam, sobretudo, a despesa. Ao reduzir o número máximo de cilindros a quatro e, principalmente, ao limitar o diâmetro dos mesmos a 81 mm, está a evitar-se a construção de motores "quadrados" hiper-rotativos (logo, a pôr de parte os sistemas mais caros de auxílio à distribuição).

Teremos melhores corridas? Voltarão as derrapagens? Sim, se o papel a desempenhar pela electrónica for, igualmente, restringido. Caso contrário, não me parece que tal aconteça.

2 comentários:

  1. Ouvi, de alguns conceituados responsáveis no meio, as seguintes afirmações justificativas para a redução da cilindrada para 800 cc: Vai ser mais seguro, o piloto vai "contar" mais, vai ser mais espectacular porque vão rodar mais juntos. Um deles (Jeremy Burgess) até levou a mal que eu não estivesse de acordo...

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  2. Cheira-me que vai tudo ficar na mesma.

    Acredito que esta medida seja acima de tudo uma cautela face ás competições concorrentes em popularidade como a WSBK onde as ultimas actualizações de regulamento tornaram o compeonato mais permissivo.

    Seria uma vergonha para "o mundial" e até para o motociclismo em geral protótipos milionários serem ultrapassados por modelos de produção.

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