O título é ambicioso e daria para uma longa "postagem" neste blog. A minha experiência de 22 anos a lidar de muito perto com as marcas de motos (em Portugal, mas também fora de portas) confere-me uma visão completa e multiangular sobre aquilo que são as suas relações - sempre delicadas - com os jornalistas.
Vi de tudo, apanhei de tudo. Excelentes profissionais, dedicados e apaixonados pelo seu trabalho e pela sua marca (às vezes até mais do que o bom senso aconselharia) e autênticos desastres, sem qualquer ideia do que deve ser, e em que pilares deve assentar, este tipo de relação.
Mas não é sobre isso que vou escrever, antes a propósito de isso.
Correu ontem e hoje na internet uma história que não resisto a contar aqui. O jornal inglês Motorcycle News (MCN), uma importante referência internacional do jornalismo especializado, procurou, depois da publicação da primeiro teste da nova Honda VFR 1200 (no qual também estivémos presentes) efectuar um novo trabalho, mais aprofundado para o qual previa convidar alguns leitores, proprietários de modelos VFR anteriores, para que estes opinassem sobre a nova moto.
A Honda Inglaterra, tendo conhecimento daquilo que é o procedimento padrão do jornal quando testa motos novas, avisou que a moto só poderia ser conduzida por jornalistas e por mais ninguém. Considerando - adequadamente - tratar-se de uma ingerência na sua política editorial e uma tentativa de influenciar o trabalho final, o MCN, não só, recusou entrar no "jogo", como devolveu a moto à precedência.
Exemplar.
Não sei se em Portugal a imprensa especializada estará, hoje, em condições de actuar deste modo perante as marcas. Sei que, durante a minha passagem pela Moto Jornal e pela Motociclismo, sempre houve vários tipos de pressão.
Não acredito, no entanto, que a Honda Portugal caísse na tentação de fazer exigência idêntica à da sua homóloga inglesa. Um erro de palmatória que em nada contribui para a promoção da moto agora lançada.
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