8 de fevereiro de 2012

O lóbi

É certo e sabido que a política, os interesses económicos e as "firmas poderosas" tomaram conta do desporto em geral. É assim que atletas proeminentes ficam pelo caminho, e outros absolutamente medianos se eternizam em equipas de topo e exibindo patrocínios de primeira.

Mas nem sempre as diferentes são cavadas por fossos tão evidentes como aquele que começámos por referir. Por vezes, pilotos de igual valia disputam um determinado posto, para o qual o "eleito" acaba quase sempre por ser, invariavelmente, o "afilhado" de algum poder com maior ou menor visibilidade.

O MotoGP não escapa a esta regra e a esta lógica.

No ano passado, o português Miguel Oliveira começou o campeonato a dar nas vistas, guindando-se a posições que o material ao dispor não faria suspeitar numa época de estreia. O seu "nemesis", o espanhol Maverick Viñales - rival já batido no CEV em confronto directo - tinha uma estreia discreta. De repente, enquanto Oliveira se debatia com problemas de vária ordem, Viñales aparecia subitamente a discutir vitórias. Tornava-se claro, o piloto da Blusens começara a receber apoio de fábrica (Aprilia) ao nível da formação de ponta, a equipa de Jorge Martinez.

O resto da temporada, mais não foi do que a confirmação destes factos.

Terminada a época, com os equívocos conhecidos para o piloto português que o levaram a abandonar o campeonato antes deste se concluir, Oliveira tem a possibilidade de estrear, em duas provas do CEV, a nova Honda de Moto3. Em duas provas, consegue outras tantas vitórias. Se preciso fosse, o jovem Miguel convence a Honda e a equipa Monlau, de Emilio Alzamora, a contratá-lo para 2012.

Pouco depois, a Repsol (actual patrocinadora da equipa de fábrica da Honda em MotoGP e apoiante de vários pilotos em Moto2 e Moto3) anuncia os seus pilotos oficiais para este ano: Casey Stoner, Dani Pedrosa, Marc Marquez, Alex Rins e Miguel Oliveira. Isto é o mesmo que dizer que os dois espanhóis (Marquez e Rins) e o português eram os pilotos "encarreirados" para a sucessão a Dani Pedrosa na formação principal da Honda, seja daqui a um ano, seja daqui a dois ou três; sobretudo, tendo em conta que Marquez deverá ser o substituto directo do pequeno Dani.

Ontem, o mundo do motociclismo não deixou de olhar com alguma ironia para o anúncio de que Maverick Viñales também seria piloto oficial Repsol...

A conclusão não pode ser outra: o lóbi de Viñales não descansou até colocar o piloto em igualdade com os dois rivais da Monlau. Esta exibição de poder, a somar à que já fora evidenciada no ano passado, parece não deixar margem para dúvidas: este rapaz vai longe, e não será necessariamente pelo seu talento...

Miguel Oliveira aos comandos da Honda da equipa Monlau, hoje em Valência

2 comentários:

  1. Estou em crer que, até à data e sem entrar em comparações com Miguel Oliveira, Viñales tem correspondido bem ao "chamamento". A questão aqui levantada tem enquadramento real, mas nesta caso creio que poderá ser uma espécie de "chover no molhado", tendo em conta as exibições com que o espanhol nos brindou ao longo da época de 2011. Não esquecer que, para além de ganhar o CEV, Viñales ganhou também o campeonato da Europa (sempre à frente do Miguel). Esse facto, eventualmente alavancado pelo enunciado nesta notícia poderá causar dúvidas, mas nunca podemos tirar significado às vitórias conseguidas em pista, à excelente e determinada actuação frente a Terol e outros "grandes" de 125cc. E será que o Miguel, em igualdade de circunstâncias faria o mesmo? Até acredito que faria melhor, mas o que é facto, é que não está em igualdade de circunstâncias. E podemos crucificar um piloto por este ter a sorte de ter bom material? Como se diz nos Comandos...A SORTE PROTEGE OS AUDAZES!

    ResponderEliminar
  2. Não era nossa intenção menosprezar o valor de Viñales que está, seguramente, no lote dos melhores no que a talento e técnica diz respeito. Só quisemos evidenciar o facto de não ser, de todo, por "sorte" que este piloto teve bom material, nem por "sorte" que, de repente, apareceu na lista de "protegidos" da Repsol. A "sorte" neste caso tem as costas quentes... e quase nada de audácia.

    ResponderEliminar