10 de março de 2009

À noite na Florida

Os americanos, já sabemos, têm uma forma muito especial de ver o desporto, particularmente o motorizado. Espectáculo, competitividade, raça, heroísmo (e negócio) têm de andar de mãos dadas. Talvez por isso as “fórmulas europeias” – como o MotoGP – tenham mais dificuldade em impor-se na terra do Tio Sam, pois são demasiado espartilhadas por... regulamentos.

Na passada semana correram-se as 200 Milhas de Daytona, ponto alto da “Daytona Bike Week”, ao longo da qual se realizam naquela cidade da Florida, encontros “bikers” de toda a ordem, mundialmente famosos, para além do arranque dos campeonatos oficiais: de velocidade, na famosa tri-oval, de supercross e “dirt” (ver “Turn Left”).

Para além das habituais categorias de Supersport e Superbikes, os americanos têm este ano algumas outras mais originais, entre elas a AMA Pro Road Racing que abarca motos tetracilíndricas até 600cc, tricilíndricas até 675cc e bicilíndricas até 1125cc e que era a classe admitida à partida das 200 Milhas. Por mais estranho que pareça, é assim. Confesso que ainda não me inteirei dos pormenores do regulamento, mas alguma coisa deve haver para impedir que as Ducati 1198 ganhem às CBR, R6 e companhia…

Ora, uma das surpresas da noite (é verdade, pela primeira vez as 200 Milhas foram coridas à noite, com iluminação artificial) foi a performance da Buell 1125R de Danny Eslick. Quase conseguiu a “pole” (ficou a um décimo de Ben Bostrom) e manteve-se na luta pelo primeiro lugar com os experientes Bostrom (que viria a ganhar) e Josh Hayes, com as R6 muito mais leves que a bicilíndrica americana. Até que se soltou um dos laterais da carenagem, obrigando a um pit-stop não programado. O próprio Eslick pegou em fita adesiva e colou o plástico solto (que tem o radiador preso e por isso não podia ser arrancado), voltando à pista na última posição para recuperar até 13º.

Seria desclassificado por ter ultrapassado com bandeira amarela. Mas atenção, é assim que nascem as lendas.

Foto: motogpmatters.com

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