6 de dezembro de 2009

Gene Romero

Gene Romero é, ainda hoje, um nome de peso quando se fala de motociclismo desportivo nos Estados Unidos. Pouco conhecido fora de fronteiras – ao contrário do veio a acontecer nas gerações seguintes com Roberts, Spencer, Lawson, Mamola, Rainey, Schwantz, etc – o piloto natural de Martinez, na California foi, no entanto, um dos mais bem sucedidos da sua época e uma referência obrigatória quando se fala dos sucessos desportivos da Triumph na “terra do Tio Sam”.


Gene teve uma carreira longa de 16 anos e começou a dar nas vistas quando venceu pela primeira vez uma prova do Grand National no Lincoln TT, Nebraska, aos comandos de uma Triumph. Até a marca inglesa abandonar a competição (nos anos ’70 a caminho do seu processo de falência), o californiano não conheceu outras cores.


Nos seus imaculados fatos brancos com três riscas finas verticais (uma vermelha no meio de duas azuis – as cores comuns às bandeiras americana e britânica), os pilotos Triumph evidenciavam-se dos restantes pelo ar de cavaleiros celestiais. E Gene mais que os restantes com o seu bom ar, proporcionado pelas feições latinas, longo cabelo negro e corpo atlético.


Em 1969, Romero não vence nenhuma das 25 provas do Grand National (que na época, recordo, incluía provas de flat-track, TT e velocidade em pista), mas a sua extrema regularidade, valem-lhe a segunda posição no final do ano atrás de Mert Lawwill, piloto que nesse ano reconquista para a Harley-Davidson a placa “Nº1” depois de dois anos de domínio da Triumph de Gary Nixon.


No ano seguinte, Romero “começa” a temporada com o segundo lugar nas 200 Milhas de Daytona que Dick Mann venceu aos comandos da Honda CB 750. A época é renhida. Romero, Don Castro (terceiro em Daytona) e Gary Nixon defendem as cores da Triumph; Lawwill, Bart Markel e Dave Sehl representam a Harley-Davidson e a BSA apresenta uma formação de respeito com o experiente Dick Mann (só correra Daytona para a Honda) e os jovens Dave Aldana e Jim Rice. Foi preciso esperar pelo ocaso da temporada para ver Romero impor-se com autoridade em três das últimas seis corridas do ano - as “Milhas” de Sedalia e Sacramento e a “½ Milha” de Gardena – e conquistar a “number One plate”.


Em 1971 o grupo BSA/Triumph aposta tudo na conquista da prova de circuito mais importante dos Estados Unidos, a Daytona 200, alinhando duas formações de luxo. Pela BSA, Mike Hailwood, Dick Mann, Jim Rice, Dave Aldana e Ron Emde; pela Triumph Gary Nixon, Paul Smart, Don Castro, Tom Rockwood e Gene. Entre eles estavam os cinco primeiros classificados do campeonato de ’70: Romero, Rice, Aldana, Mann e Castro! Pela primeira vez os pilotos apresentavam números de acordo com a posição em que haviam terminado no ano anterior. De #1 a #5 eram tudo tricilíndricas, entre Rockets e Tridents. Mann voltou a impor-se, e de novo à frente de Romero. Emde foi terceiro completando um pódio todo britânico. No final da temporada, a ordem seria a mesma, com Mann e a BSA à frente de Romero e da Triumph. Romero vence, nesse ano, três prova do Grand National.


A Harley-Davidson volta a dominar em 1972, através de Mark Brelsford. GaryScott e Romero (que vence apenas uma prova) colocam as Triumph a seguir. 1973 foi o último ano de Gene com a marca inglesa, incapaz de se regenerar e combater a concorrência cada vez mais feroz. Gene vence a “Milha” de San Jose, mas termina o campeonato apenas no sétimo posto. Kenny Roberts e a Yamaha vencem pela primeira vez o Grand National. No ano seguinte, o piloto da California leva o seu habitual número 3 para a Yamaha com que viria a vencer ainda a “Milha” de Indianapolis nesse ano e as 200 Milhas de Daytona em 1975.


A sua simpatia e camaradagem valeram-lhe a simpatia do público e dos colegas, tendo sido eleito “piloto mais popular” do ano de 1970.


Gene Romero ainda correu até 1981, assumindo de seguida a gestão desportiva da equipa Honda de “dirt track”. Posteriormente criou uma empresa promotora de eventos e é hoje responsável pela organização do campeonato de “flat-track” da costa oeste.


Não tendo sido uma “estrela internacional” como muitos pilotos americanos, Gene ocupa um lugar especial na minha galeria de “preferidos”, pelo carisma e espírito desportivo com que sempre se empenhou no motociclismo. A fotografia de Dan Mahony, de Gene com a sua Triumph nº3 a derrapar tornou-se um ícone do próprio “dirt-track” (Gary Inman fez-lhe justiça ao escolhê-la para a capa da sua “Sideburn Magazine nº1).




2 comentários:

  1. Humm, numa das fotos (Triumph em pista de asfalto) aparece sem luvas. Seria na volta de honra?

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  2. Outros tempos, meu amigo... Na foto não se vê muito bem, mas as botas são de atacadores!... Mais o "open face helmet". Junta-lhe a qualidade dos pneus, dos motores que "espirravam" óleo, dos quadros "firmes" dos anos 70 e imagina o que seria fazer o "banking" da pista de Daytona a mais de 200 km/h.

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