26 de janeiro de 2010

Um país de serviços (ou de 'servicios'?)

Costumo soltar uma sonora gargalhada sempre que oiço dizer que Portugal é um país de serviços. Ou que está destinado a ser um país de serviços, já que não tem pesca, nem agricultura, nem indústria, nem matérias primas, nem petróleo, nem minerais, nem, na verdade, coisa nenhuma, pois deixou de ter tudo o que tinha devido à acção daqueles que entendem que Portugal deve - mesmo! - ser um país de serviços.

E rio-me porque, tal como qualquer pessoa minimamente informada, ou que tenha viajadoum pouco para lá de Badajoz, sabe que Portugal é um dos países onde o serviço (o atendimento, o relacionamento, a atenção ao) público é um dos piores, vá lá, do segundo mundo. Nem vale comparar com países socialmente desenvolvidos.

Querem um exemplo?

Sábado passado, depois de uma visita, na sexta à noite, à sede do Moto Clube de Faro e tendo pernoitado na capital algarvia, indo de Faro para Portimão, de moto, debaixo de chuva torrencial, para acompanhar o segundo dia dos treinos das SBK/SSP, vi acender a pequena luz laranja no tablier da minha moto. Parei numa das estações de serviço da Via do Infante. Não adianta dizer qual. Eram dez da manhã. Como SEMPRE faço, tirei o capacete e, colocada a moto no descanso central, peguei na mangueira da 95 e esperei que a 'bomba' disparasse... nada. Apenas a voz fanhosa grunhida no megafone: "É pré-pagamento!!!"

Voltei a colocar a mangueira no local e dirije-me pacientemente para a loja, não para cumprir o desígnio anunciado, mas para explicar, pela enésima vez na vida numa situação idêntica, que não podia pré-pagar porque não sabia que quantidade de gasolina ía meter, uma vez que pretendia atestar. Perante esta explicação, a resposta, cuspida detrás do balcão em direcção à porta onde eu me encontrava a escorrer água, foi qualquer coisa como: "Pois, mas aqui é pré-pagamento 24 horas." Insisti, agora mais devagarinho que não podia ser porque... "Então, mas oiça, não sabe mais ou menos quanto é que vai pôr?" Não valia a pena.

Ainda pacientemente (sim, que não vale a pena enervar-nos com a qualidade dos serviços) voltei à moto, pus o capacete, calcei as encharcadas luvas e fui meter gasolina para outro lado (e noutra marca, obviamente).

Não percebo esta mania que as empresas portuguesas de serviços - lá está! - têm de tratar o CLIENTE - supostamente o elo que lhes garante a sobrevivência do negócio - como CRIMINOSO!!! Pré-pagamento porquê?

Este tema que se arrasta há anos já há muito que devia ter sido tratado devidamente e sido decretado inconstitucional. Já nem falo de descriminação, porque neste caso, nem havia. Era mesmo assim: pré-pagamento, para todos e durante 24 horas!!! Quem atribuiu esta concessão privilegiadíssima, especialmente no verão, aceita e concorda com este cenário?

Isto é um país mas é de 'servicios'. De casas de banho, portanto. If you know what I mean...

2 comentários:

  1. De sorvedouros e de servicinhos também... Tantos a precisarem de ser sujeitos a sevícias...

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  2. ...e assim se vai poupando umas coroas à conta de menos uns empregados na bomba. O cliente que se sirva que eu só estou aqui para receber o guito!

    Proponho que priviligiem bombas com empregados a abastecer, aí estamos a ser realmente SERVIDOS....e a fomentar a circulação do dinheiro (parece que é assim que a economia funciona).

    Pedro - motociclista

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