26 de janeiro de 2010

Miguel Praia: a entrevista (II)

As dificuldades são visíveis no paddock de Supersport. Em Portimão apenas 14 motos marcaram presença para os treinos de início de temporada, apesar da grelha prever 21 motos. Estará o nível do campeonato de algum modo comprometido? Pedimos a opinião de Miguel Praia.

"Sim, o nível do campeonato poderá estagnar, ou melhor, talvez não o nível mas o fosso entre as equipas de topo e as outras. A Kawasaki e a Ten Kate cumpriram um programa de testes de inverno mais intensivo do que tinham feito no ano passado, devido à necessidade que têm de tentar recuperar a competitividade perdida; nós não, porque não temos meios comparáveis. As pequenas e médias equipas não têm capacidade financeira para acompanhar esse ritmo e isso pode cavar um fosso maior entre privados e oficiais. Houve muitos que não vieram a Portimão e os que vieram foi com meios limitados. Em matéria de competitividade, os da frente vão andar mais e melhor, como sempre, e os que estão mais limitados vão 'marcar passo'."

Mas não foi certamente por dificuldades financeiras, que a Galp abandonou o projecto Parkalgar. Uma decisão que deixa toda a gente ligada às duas rodas (e os muitos fãs da equipa, de Miguel Praia e habituais consumidores de óleos e combustíveis...) verdadeiramente incrédulos.

"Sinceramente, por vezes, não entendo a estratégia de marketing das marcas portuguesas. Se do ponto de vista desportivo a equipa não tivesse o retorno conseguido numa outra modalidade... agora, com os resultados que a equipa está a conseguir, tendo em conta o protagonismo que tem face ao investimento que as empresas estavam a fazer para estar presentes, era um retorno fantástico para aquilo que estava a investir... Se falarmos da Galp, que vende óleos e combustíveis, tinha aqui um parceiro que promove de uma forma exemplar o seu nome, vencendo corridas, e uma excelente oportunidade de testar e desenvolver os seus produtos e não o faz. Isto deixa-me bastante triste, não só como piloto, mas como português. Se temos tudo: protagonismo, retorno, performance, profissionalismo naquilo que fazemos, os números e os resultados estão à vista... não sei o que falta ao nosso projecto e que outros possam ter. Ou se calhar sei, mas são coisas que politicamente não se podem dizer. Entristece-me bastante."

E o que a Galp desaproveitou, a Elf vai aproveitar...

"Exactamente. A Elf não perdeu tempo e é uma marca que sabe melhjor que ninguém que qum compra um produto de qualidade, compra-o pela performance, pelas suas características e, nesse sentido, aliar-se a uma equipa vencedora é a melhor estratégia que há. A Galp, pelos vistos, pensa que o futebol poderá ajudar a vender os seus óleos. Eu nunca compraria um óleo porque ser o que o Cristiano Ronaldo usa no motor, pois isso não é garantia nenhuma de qualidade..."

A "Estrada" deseja ao Miguel Praia, ao Eugene Laverty e a toda a equipa Parkalgar as melhores felicidades e sucessos para a temporada que aí vem.

1 comentário:

  1. Toda a sorte do mundo para o Miguel e para a equipe.
    GALP:
    Há horas que tenho vergonha do país em que nasci.

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