11 de junho de 2010

Orgulho

Os filhos mudam a nossa vida, é sabido.

Um dia, o João Tomás e o Gonçalo foram experimentar o hóquei em patins, levados por um amigo e colega de escola do "mais novo". Ao Benfica, claro, o clube do Pai e o mais perto de casa. (O João queria ir para o futebol, mas ao segundo treino estava a pedir para ficar) . Foi em Setembro passado. O João tinha (tem) oito anos (tarde para começar nestas lides...), o Gonçalo tinha seis. Nunca tinham visto um par de patins na vida.


O equipamento foi chegando à medida que o entusiasmo ía crescendo, mas numa modalidade que não é barata, há que ter cuidado, não fossem os humores mudarem e o investimento ficar "a fundo perdido". Mãos amigas emprestaram-nos os patins 'à pro' e, no início de Janeiro, ambos estavam em condições de começar a encarar a "coisa" a sério.

Quando o treinador da formação perguntou no grupo quem queria ser guarda-redes e o Gonçalo foi o mais lesto a levantar a mão, fui o menos surpreendido naquele pavilhão. Desde o tempo dos primeiros pontapés na bola que o meu filho mais novo tem "queda" para a baliza, contrariando a tendência da maioria dos miúdos de tenra idade, para mais no hóquei, onde a tarefa é impedir que projécteis balísticos disparados com força e convicção entrem na pequena baliza... O Gonçalo é um "natural" para a função. Um à-vontade que se veria nos tempos seguintes, agora devidamente alicerçado em treino específico.

Os encontros distritais de Bambis da APL começaram no final do primeiro mês do ano e, desde essa data, os meus fins de semana passaram, quase inevitavelmente, por um pavilhão desportivo: na Luz, na Parede, em Torres Vedras, Paço d'Arcos, Massamá, Vila Franca... À estreia contra o Sporting de Torres seguiram-se muitas vitórias e algumas derrotas.


A estreia no escalão seguinte - Benjamins - a substituir um dos guarda-redes da equipa, teve sabor a "recompensa", pelo empenho com que o pequeno Sousa tem encarado a sua actividade. Saíu desse jogo sob um coro de elogios que lhe deram confiança para o futuro e incharam o ego dos progenitores. Como o dia em que foi, pela primeira vez, capitão de equipa e pôs a sua assinatura numa ficha de jogo.


A boa caminhada inicial valeu-lhes a passagem à segunda fase (que ainda não terminou). Não sei que classificação final a equipa irá obter, mas, na verdade, esse aspecto não me preocupa de todo.

Vida mais dura tem tido o João. Com idade de Benjamin de segundo ano (onde muitos já têm quatro anos de patinagem), a dificuldade na adaptação podia (na verdade, ainda pode) conduzir ao desânimo e ao abandono.

Com os colegas que estavam na mesma condição, trocou os treinos da iniciação pelos da equipa correspondente à idade. Primeiro em Algés, agora em Campo de Ourique. Passou com distinção a prova psicológica de ver o irmão estrear-se na "sua" equipa quando foi chamado aos Benjamins e "aguentou-se" na esperança de ainda se estrear este ano. Um incompreensível (ou inadmissível?) problema burocrático impediu o João, e mais dois atletas, de serem inscritos a tempo de darem o seu contributo à formação, o que só aconteceu recentemente no Torneio de Oliveira do Hospital onde, finalmente, teve a honra de vestir a camisola oficial (e logo a nº7...) e começar a perceber o que é ser atleta de competição e... jogador do Benfica.

Estes dois miúdos mudaram a minha vida. Mas têm-me enchido de orgulho. Eu que sou sentimental e de lágrima fácil, nunca esquecerei a estreia de ambos e é bem verdade que o meu coração acelera o ritmo sempre que entram na pista. Não lhes peço que ganhem, não quero que sejam melhores que os outros. Desejo apenas que se divirtam e que respeitem colegas e adversários. Se assim for, terão tempo e oportunidade de ganhar.

Seria ingrato se esquecesse a ajuda dos treinadores Nuno Ferrão, Pedro Murujão, António Pinto, Carlos Pires (especialmente a paciência que tem tido com o Gonçalo) e Luís Rolão e dos seccionistas Aristides Meireles, Mário Andrade, Mário Patrão, Paulo Caetano, bem como do treinador principal do Benfica, Luís Sénica, e do coordenador da modalidade, José Trindade.

2 comentários:

  1. Nao sei se os seus filhos leram o que escreveu sobre eles. Mas posso dizer-lhe que o orgulho será mutuo.
    Bonitas palavras.
    Um abraço e boas curvas

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  2. Grandes "putos" a sair ao Pai.
    Mais uns anitos e aí estão os 3 em grandes passeatas montados nas suas Triumphs.
    Vai uma aposta?

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