15 de junho de 2009

O mestre e o aprendiz


Valentino Rossi provou ontem, na Catalunha, continuar a ser o melhor piloto do Mundo. A sua ultrapassagem a Jorge Lorenzo na última curva da corrida, por um espaço que parecia inexistente (à Rossi, portanto), mantém o Rei no seu trono no que à capacidade técnica e motivação psicológica diz respeito.

Mas há todo um novo cenário a considerar no palco mais visível do motociclismo de competição. Os anos em que o talentoso italiano destruía os seus adversários mentalmente acabou. Gibernau nunca mais ganhou uma corrida depois de Rossi o ter humilhado certo dia na Catalunha, em frente ao seu público; Biaggi cai só de sentir Rossi encostado ao rail a ver uma corrida (SBK em Misano, há uns anos).

O primeiro sinal foi dado por Stoner, que respondeu com indiferença aos jogos mentais de Valentino; mas Stoner foi levado ao extremo e cedeu por uma vez, no duelo de Laguna Seca. O australiano levantou-se, sacudiu-se e está de novo pronto para a luta.

Com Lorenzo – para mais, seu companheiro de equipa – a situação é distinta. O maiorquino não responde com indiferença, responde à letra. Olha o seu rival nos olhos e diz-lhe que não o teme. E esta é a grande diferença.

Cena 1: na conferência de imprensa conjunta pré-GP da Catalunha, quando Lorenzo respondia aos jornalistas, Rossi começou a falar baixinho com outros pilotos, distraindo e perturbando. Em vez de tentar ignorá-lo, Lorenzo calou-se, olhou para Rossi e foi este que teve de calar-se e pedir desculpa.

Cena 2: depois da vitória na corrida, Rossi saíu do parque fechado, saltou o muro das boxes e foi a meio da pista saudar o imenso público que estava na bancada em frente. Vendo-o, Lorenzo saíu de onde estava, saltou o muro das boxes, passou o meio da pista, subiu outro muro e, junto à rede das bancadas, saudou e agradeceu o apoio do público, “dizendo" ao seu colega de equipa “tudo o que fizeres, eu também faço e até mais”.

Poucos, ou nenhum, teriam resistido às duas ultrapassagens de Rossi no final da corrida: a primeira, por fora, na travagem para a curva 1; a segunda, já na última volta, na entrada para a curva 4. Às duas Lorenzo conseguiu responder. Só não previu a da última curva.

O “mestre” continua a ser Rossi, mas um “aprendiz” como Lorenzo, nunca o Rei tinha encontrado.

5 comentários:

  1. 100 por cento de acordo.
    Lorenzo é um digno sucessor do Rossi.
    Como dizia o outro este já anda cá há muitos anos " a virar frangos".
    Na curva anterior o Lorenzo sai um bocadinho em cima do corrector à entrada para a última curva.
    O Rossi nestes casos não perdoa: Entra com tudo e já está...

    ResponderEliminar
  2. O Lorenzo tinha afirmado no Sábado que, na Catalunha, quem entra nas curvas 12 e 13 à frente já não perde a corrida... Erro de principiante. Enganou-se a si próprio. Estou certo que não perderá mais nenhuma nas mesmas circunstâncias.

    ResponderEliminar
  3. Não consegui ver o Grande Prémio, mas com o relato aqui feito não vou perder a oportunidade de tentar "cravar" a alguém que me deixe ter esse prazer.....

    ResponderEliminar
  4. A corrida toda não se arranja, mas a última volta... http://asadourada.blogspot.com/2009/06/um-domingo-emocionante.html
    :)

    ResponderEliminar
  5. Grande corrida e grandiosa ultima volta. Quando já muitos pensavam, "bem, já não consegue" eis que Rossi descobre um buraquinho e segue para mais uma vitória!
    Grande Rossi!

    ResponderEliminar