23 de julho de 2009

O Rei e o Monstro

Sobre ela, Kenny Roberts disse simplesmente: “a Yamaha não me paga o suficiente para guiar isto”. E “isto” era a Yamaha TZ 750, quatro cilindros, dois tempos, 120 cv, de flat-track racing. Também conhecida, em meios mais chegados, como a “besta” ou o “monstro”.

Roberts – que viria a ser coroado “King Kenny” quando chegou à Europa e revolucionou (em vários sentidos) o Mundial de Velocidade - era duplo Campeão AMA (1973 e 1974), num tempo em que a “Number One Plate” se ganhava correndo em pistas de velocidade e ovais de “flat-track”. Apesar do sucesso, o piloto californiano tinha um forte handicap nesta especialidade: a sua Yamaha não era suficientemente potente para acompanhar as Harley-Davidson XR 750. Foi então que surgiu a ideia de montar, num quadro de “dirt”, o motor da moto de velocidade, a TZ750.

Na Milha de Indianapolis de 1975 viveu-se um momento ímpar na história do motociclismo. Roberts, aos comandos da “besta”, partindo do fundo da grelha, fez uma corrida… arrepiante. “A única maneira de abrandar, era atravessá-la completamente (ndr: as “dirt-trackers” não têm travão dianteiro), a mais de 200 km/h…”, o que, constantemente, atirava piloto e moto para o exterior das longas curvas, nos limites, arrancando a palha dos fardos que delimitavam a pista.

Na última volta, Jay Springsteen e Corky Kenner, discutiam ombro a ombro a vitória, procurando a melhor linha “junto à corda”. Nem faziam ideia de que Roberts lá vinha. “À saída da última curva o atraso ainda era bastante”. Mas aquela moto era o demónio. De punho enrolado, Roberts viria a ultrapassar os dois rivais e a vencer a corrida sobre a meta.

Foi a única vitória do “monstro”. Mas inesquecível. O registo vídeo daquela prova é um pedaço valioso de história.




No próximo dia 29 de Julho, na véspera do GP de Indianapolis, volta a correr-se a Milha na especialidade de “flat-track”. A Yamaha faz questão de promover o reencontro entre Kenny Roberts e a TZ750. O “Rei” volta a conduzir o “monstro”.

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