10 de dezembro de 2009

30 km/h

Tenho dificuldade em perceber este tipo de medida: 15 concelhos vão reduzir a velocidade máxima de circulação permitida para 30 km/h, seguindo o exemplo - bem sucedido, garantem - do "Bairro Azul", em Lisboa, onde a medida vigora. Não há muitos anos esse limite era de 60 km/h, baixou para 50, prepara-se para ser 30 nas zonas residenciais.

Dizem que é para combater a sinistralidade. Este argumento, na verdade, é uma falácia. Se é para combater a sinistralidade, porque não reduzem para 20 km/h? Seria mais seguro. Ou melhor, para 10 km/h. Assim seria impossível haver um atropelamento e qualquer choque em cadeia teria consequências quase indetectáveis. Ou antes - estava aqui eu a pensar - porque não proibem a circulação nas áreas residenciais? Sim, isso é que era, não havia mais sinistralidade, nem atropelamentos e o governo podia fazer uma campanha de que como é bom e inteligente, e moderno, e tecnológico, e preocupado com os cidadãos, e original, e europeu, e magnânimo, exactamente à imagem do senhor primeiro ministro, sim, sim, isso é que era; já estou a ver a manchete do DN: «Engenheiro Sócrates reduz sinistralidade rodoviária em áreas residencias a ZERO!»

Bom, o exemplo até podia ser levado ao resto do país, mas aí era preciso ter cuidado, não fosse a Mota Engil não ter mais auto-estradas para construir e a Brisa forma de facturar...

Ironias à parte, isto parece-me, isso sim, mais um grande barrete que nos querem enfiar. Por um lado é uma forma clara e descarada de aumentar a facturação através de coimas por excesso de velocidade; por outro, há que fazer passar uma imagem de que se está preocupado com o tema.

Quem pensa (pensa?) e decide estes temas não percebe que a sinistralidade rodoviária combate-se com (tome nota senhor ministro):

1) formação técnica adequada dos condutores (ignore o lobi das escolas de condução, caso contrário não "vai lá");

2) policiamento preventivo (visível e actuante), especialmente das vias mais problemáticas em matéria de sinistralidade (abandone-se a filosofia dos radares escondidos e "armadilhas" para a coima), pois só assim se acabará com o sentimento generalizado de impunidade;

3) melhores estradas, melhor sinalização.

4) criminalização séria do "homicida rodoviário".

Pode haver quem estranhe não se falar aqui em formação cívica. Lamento, mas eu não acredito na formação cívica deste povo. Aplicando as quatro medidas que citei acima, a sisnistralidade reduzir-se-ía significativamente. Mas percebo o príncipio da medida demagagógica: é mais fácil, finge ser boa, não chateia ninguém e dá votos. É pena.

3 comentários:

  1. A rua onde moro, uma via pachola com pouquíssimo trânsito, há um par de meses recebeu a singularidade de, a meio, lhe ter sido plantado um sinal a reduzir para 30Km/h. Sem mais, porque sim.

    Em frente a minha casa está um sinal de perigo, escola, há mais de vinte anos, nunca tendo havido aqui uma escola. É muito funcional para amarrar a minha Vespa com o cadeado.

    Como se vê, se há sinalização que nos escapa, como a dos 30km/h do meio da rua para a frente, outra há cujos designíos só eu conheço, como o sinal de escola.

    Isto das políticas públicas não está ao alcance do cidadão comum.

    "Tome nota senhor ministro", diz o Pela estrada fora. Ora aqui está uma frase que é música para os seus ouvidos. Seus, entenda-se, dele e dos amigos ao telefone.

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  2. Para quando aplicar a lei para as pessoas que atravessam a rua fora das passadeiras? Penso que o fundamental é haver educação e respeito e não uma questão de velocidade...
    Vasco

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  3. Qual será a mudança para se andar a 30 km/H ! com que consumo ? bem não sei , mas parece que não sou o unico .

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