Miguel Praia, o nosso único representante num campeonato do mundo de motociclismo de velocidade, prepara-se para mais uma temporada no "mundial" de Supersport , de novo aos comandos da Honda CBR 600RR da equipa Parkalgar.
Em Portimão, durante a sessão de testes de preparação que aí decorreu no passado fim de semana, Praia chegou mesmo a ser o mais rápido em pista, descontando o momento em que os "maiorais" calçaram pneus especiais de desenvolvimento cedidos pela Pirelli.
Falámos com ele no intervalo das sessões do segundo dia e começou por nos referir o seu objectivo para a época que se iniciará dentro de um mês na Austrália.
"Depois de em 2008 ter ficado nos 25 primeiros do campeonato e de, no ano passado, ter chegado ao top-15, será natural ambicionar, para este ano, um lugar nos dez primeiros da tabela final do campeonato. Este resultado que estou a conseguir aqui pode ser um pouco enganador, para mais em testes de inverno, pois é o meu circuito e já no ano passado correu muito bem. Oxalá que não, que eu consiga manter esta toada para toda a época, mas o objectivo é mesmo terminar nos dez primeiros e, se puder nalgumas corridas, lutar pelos cinco primeiros.
Para isso tenho de melhorar a consistência e marcar pontos em todas as provas, um aspecto muito importante. Na época passada houve corridas que me parecia poder ter acabado nos dez primeiros, mas nem eu nem a moto, se calhar, nalguns momentos, estávamos capazes de o fazer, o que veio a provocar algumas quedas. De maneira que este ano, também com algumas modificações dentro da equipa, temos tudo reunido para dar mais um passo na minha carreira. Os passos têm de ser muito bem medidos, pois é muito difícil vingar neste campeonato."
Que modificações na equipa foram essas?
"Basicamente houve uma alteração de chefe de motos, a pedido do Eugene (Laverty). O Mark 'Brains' é o responsável técnico da equipa e será este ano o responsável directo pela minha moto e o Phill que trabalhava comigo, passa a trabalhar com o Eugene. Eu já tinha trabalhado com o Mark, no final de 2008, depois do desaparecimento trágico do Craig (Jones), e agradou-me bastante. Sendo o Eugene o primeiro piloto da equipa e aquele que tem responsabilidade na conquista de um título, acatei bem a decisão, até porque o sentido da palavra equipa é mesmo esse. E posso acrescentar que está a correr muito bem."
Em termos de equipa, o objectivo para 29010 passa por conquistar o título?
"Sim; olhando para a tabela do ano passado, só o Crutchlow ficou à nossa frente, ele saíu para SBK, pelo que é legítimo pensar nesses termos. Penso que o Eugene, o Sofuoglu e o Lascorz serão os três pilotos que vão discutir o título, especialmente tendo em conta o trabalho que a Kawasaki e a Ten Kate efectuaram durante este inverno - os meios também são outros, uma vez que são equipas oficiais. Acho que vão dar mais luta do que deram no ano passado, sobretudo a Kawasaki que vai entrar num segundo ano de experiência e estes são campeonatos (SBK e SSP) em que a marca está muito empenhada depois da saída de MotoGP. A Ten Kate também, porque saíu de 2009 muito ferida no seu orgulho, e vai tentar recolocar a equipa na senda dos sete títulos consecutivos que tinha alcançado. Entre estes três, um deverá ser Campeão, mas será uma luta muito equilibrada."
A saída da equipa oficial da Yamaha vai sentir-se?
"É uma saída que se lamenta, especialmemte pela importância do Crutchlow, uma vez que o Foret continua, mas com outra moto e nem eu me vejo a ser batido por ele com o material de que disporá agora. O nível não irá baixar, mas são dois protagonistas que abandonam a luta pelos lugares da frente. É pena porque era uma equipa fantástica e a sua saída não é boa para o campeonato, mas não ficará mais fraco por isso."
E a aposta da Triumph que alinhará quatro motos, o que te parece?
"Sinceramente não percebo qual é a estratégia da Triumph, tendo em conta que tinha o Gary McCoy que fez dois pódios e era muito experiente e um fantástico piloto de testes também. A Triumph tinha condições para fazer um excelente campeonato em 2010 com o McCoy, mas penso que não foi muito feliz na escolha dos pilotos que fez. O Chaz Davies será claramente o ponta de lança da equipa devido ao seu talento, embora com uma estatura que não o favorece muito nas SSP, o DiSalvo poderá ser uma surpresa, o Charpentier não acredito que atinja o nível doutros tempos... não percebi muito bem."
CONTINUA
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