7 de fevereiro de 2011

Fim de ciclo

A saída do meu colega de profissão Mário Figueiras da revista Moto Jornal, onde era Director praticamente há 20 anos, quase um ano após a minha própria saída da Motociclismo marca, inquestionavelmente, o fim de um ciclo.

Um ciclo editorial que durou duas décadas e no qual os dois títulos citados ocuparam uma posição de vanguarda e liderança, bem destacada acrescente-se, no panorama nacional da imprensa especializada em motos. Uma semanal, outra mensal, estiveram inúmeras vezes e não por caso, antes pela valia e entusiasmo dos seus profissionais, à frente do próprio sector e da sua (fraca) dinâmica.

O Mário numa e eu noutra, tivemos o privilégio de liderar esses projectos. E acho que o fizemos bem, e com profissionalismo, desde o primeiro dia até ao momento em que saímos.

No entanto, tudo na vida tem um fim. Para sobreviverem e manterem uma posição minimamente digna no mercado, estas revistas terão de passar por uma profunda reforma que, pelos sinais dados mais recentemente, não parece estar sequer a ponto de se iniciar.

Com as suas estratégias próprias, apostando em formatos editoriais estafados, só com muita ginástica e departamentos comerciais fortes (mérito das pessoas, mais do que da organização), uma e outra vão conseguindo travar o natural declínio iniciado, sublinhe-se em abono da verdade, já há alguns anos.

Os duvidosos jogos de interesse e a fantasia dos números que "apresentam" vão sendo suficientes, por enquanto, para fintar um sector (ainda) demasiado amador, sustentado na proximidade das relações pessoais mais do que na valia dos projectos, nalguns casos mesmo bafiento e imbuído de um arrogante chico-espertismo inaceitável nos nossos dias.

É, pois, o fim de um ciclo. Os tempos mudaram e com eles a realidade das publicações, dos projectos editoriais, da imprensa e da informação como um todo.

Há que intuir novos caminhos, procurar outras vias. Abrir uma nova janela neste apaixonante mundo do motociclismo e nas formas de levá-lo ao encontro do público.

Quem quem ainda não percebeu isto, está só a perder tempo.


Ps: quero desejar ao Vítor Martins, por quem tenho grande amizade, e ao Jorge Morgado (o responsável por eu me ter tornado jornalista de motos), a maior sorte do mundo nesta nova fase da Moto Jornal, afirmando publicamente que poderão contar com a minha modesta ajuda se dela precisarem. E, claro, ao Mário, as maiores felicidades para as suas novas tarefas.

1 comentário:

  1. Tiro o meu chapéu e presto a minha mais profunda admiração por quem, como vós, têm mantido vivo um jornalismo tão especializado como o dedicado à temática e à vivência das motos.
    Contra tudo e contra todos, mais das vezes sózinhos e à custa de sacrifícios pessoais, tem-nos mantidos informados, por isso,
    UM MUITO OBRIGADO A TODOS

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